A Creche Sorriso de Criança iniciou-se há cerca de 15 anos, quando, após perder três gestações e ciente da realidade do ambiente em que vive, Ana Paula da Cruz entendeu que deveria mudar o rumo de sua vida, dedicando-se às crianças de sua comunidade.
Trabalhando com eventos desde 1998, como forma de sustento, Ana Paula animava festas e comemorações dispondo de brinquedos para as crianças divertirem-se. Durante suas animações, ela observou que a brincadeira predileta dessas crianças era simular que tinham armas e atirar nos outros. Diante de tal realidade, percebeu que eles apenas reproduziam a realidade cruel e violenta do cotidiano da vida da comunidade.
Preocupada em mudar a visão das crianças em relação ao mundo e a vida, montou em sua casa um espaço que inicialmente oferecia um mínimo de assistência às crianças. A partir daí, teve início um processo voluntário de orientação e acompanhamento diário das famílias, principalmente das mães, com a intenção de criar um melhor relacionamento entre pais e filhos.
O espaço foi montado numa casa de dois andares, onde Ana Paula morava e lá permaneceu por seis anos com 42 crianças. Nessa época, ela recebia ajuda de moradores voluntários que batiam de porta em porta pedindo apoio e passavam rifas para arrecadar dinheiro. A ajuda partia também de familiares, como o senhor Fernando Rosa, tio de Ana Paula, que contribuía com 60% da alimentação dos pequenos.
Em sua maioria, as crianças atendidas tinham pais envolvidos com drogas, mães solteiras e desempregadas ou simplesmente não tinham pai ou mãe. Elas tinham atividades como teatro, alfabetização, reforço escolar e recreação. Recebiam três refeições por dia e cuidados de higiene. Além disso, cada família recebia uma cesta básica com todos os itens e remédios para os filhos em caso de doenças.
Hoje, apenas uma voluntária permanente auxilia Ana Paula, Rosana Rosa dos Santos, filha do senhor Fernando Rosa, coordenando o projeto que passa por extrema dificuldade. Atualmente, a situação é crítica, pois o senhor Fernando Rosa, que ajudava com a alimentação, faleceu no início de 2004 e os colaboradores de antes não existem mais. Mesmo diante de tamanha dificuldade, a creche continua em funcionamento.
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